Guardiã
da Primavera é o livro de estreia da poetisa mineira Rosana Sampaio Pinheiro,
que reúne uma coletânea de 90 (noventa) poemas seus, divididos em três partes:
Confusão, Revolução e Evolução.
Inicialmente,
deve-se deixar consignado o desafio que é resenhar um livro de poemas,
porquanto a poesia tem como característica intrínseca a capacidade de tocar
cada leitor de uma forma bem distinta e, nesse sentido, assevero que me deixei
tocar pelos versos de Rosana.
Antes de
falarmos sobre o conteúdo do livro propriamente dito, devemos destacar a
escolha da capa, composta por rosas em suas várias cores, uma referência clara
ao nome da escritora e ao título do livro, mostrando que uma capa pode, muitas
vezes, revelar alguns segredos da obra.
Como
dito no início dessa resenha, o livro é dividido em três partes e escolhi falar
de cada uma separadamente, por trazerem temáticas diferentes, mas que se
permeiam. De um modo geral, podemos afirmar que todos os poemas utilizam de um
vocabulário rico, sem ser pedante, propiciando uma leitura agradável, leve e
tocante. Há poemas com referências à nostalgia, à mitologia, à astronomia, ao
bucolismo, aos sentimentos e emoções e também críticas sociais, o que demonstra
a maturidade da poetisa, apesar de ser sua primeira publicação.
Na
primeira parte, Confusão, os poemas apresentam o lirismo e a profundidade das
emoções, em versos que nós nos identificamos com facilidade, ao nos relembrar
os momentos em que navegamos pelo mar de nossos sentimentos, no qual que há
tempestades e naufrágios. Se este terço do livro fosse uma estação,
provavelmente, seria o inverno, no qual nos recolhemos para uma profunda
reflexão e um período de introspecção.
Por sua
vez, Revolução é o momento em que os pensamentos e sentimentos são expostos ao
mundo. Nesta parte do livro, é interessante perceber que o termo Revolução pode
ser empregado em duas acepções: em alguns poemas indica transformação,
insurreição, como os que abordam as mazelas e angústias da vida moderna, com críticas
sociais pontuais; e, em outros poemas, representa um retorno a si mesma, como o
movimento de um astro ao percorrer sua órbita retorna ao ponto de origem, pois,
ao nos depararmos com a realidade exterior e todas suas adversidades, podemos retornar
ao nosso interior.
No
último terço da obra, Evolução, temos o resultado dessa transformação e/ou
deste retorno a si mesma, em que nos aprofundamos no autoconhecimento,
assumimos nossas origens e identidade, com plena consciência de quem somos,
aceitando-nos por inteiro. Nessa parte, a escritora assume seu eu lírico,
Guardiã da Primavera, e demonstra sua nostalgia do cheiro de terra molhada, do
ar puro do campo e nos sentimentos de tranquilidade, quietude e paz que
invocam. Nessa parte final, fica evidente a relação íntima que existe entre a
natureza e a poetisa, mesclando-se e tornando-se uma.
Nessa
resenha, optei por apresentar um panorama geral de cada terço do livro, como um
convite ao jardim de flores ternas, belas, fortes, exóticas e únicas.
Permita-se desfrutar do encanto deste presente da Guardião da Primavera.