segunda-feira, 11 de junho de 2018

Um Passeio pelo Jardim da Guardiã da Primavera


Guardiã da Primavera é o livro de estreia da poetisa mineira Rosana Sampaio Pinheiro, que reúne uma coletânea de 90 (noventa) poemas seus, divididos em três partes: Confusão, Revolução e Evolução.
Inicialmente, deve-se deixar consignado o desafio que é resenhar um livro de poemas, porquanto a poesia tem como característica intrínseca a capacidade de tocar cada leitor de uma forma bem distinta e, nesse sentido, assevero que me deixei tocar pelos versos de Rosana.
Antes de falarmos sobre o conteúdo do livro propriamente dito, devemos destacar a escolha da capa, composta por rosas em suas várias cores, uma referência clara ao nome da escritora e ao título do livro, mostrando que uma capa pode, muitas vezes, revelar alguns segredos da obra.
Como dito no início dessa resenha, o livro é dividido em três partes e escolhi falar de cada uma separadamente, por trazerem temáticas diferentes, mas que se permeiam. De um modo geral, podemos afirmar que todos os poemas utilizam de um vocabulário rico, sem ser pedante, propiciando uma leitura agradável, leve e tocante. Há poemas com referências à nostalgia, à mitologia, à astronomia, ao bucolismo, aos sentimentos e emoções e também críticas sociais, o que demonstra a maturidade da poetisa, apesar de ser sua primeira publicação.
Na primeira parte, Confusão, os poemas apresentam o lirismo e a profundidade das emoções, em versos que nós nos identificamos com facilidade, ao nos relembrar os momentos em que navegamos pelo mar de nossos sentimentos, no qual que há tempestades e naufrágios. Se este terço do livro fosse uma estação, provavelmente, seria o inverno, no qual nos recolhemos para uma profunda reflexão e um período de introspecção.
Por sua vez, Revolução é o momento em que os pensamentos e sentimentos são expostos ao mundo. Nesta parte do livro, é interessante perceber que o termo Revolução pode ser empregado em duas acepções: em alguns poemas indica transformação, insurreição, como os que abordam as mazelas e angústias da vida moderna, com críticas sociais pontuais; e, em outros poemas, representa um retorno a si mesma, como o movimento de um astro ao percorrer sua órbita retorna ao ponto de origem, pois, ao nos depararmos com a realidade exterior e todas suas adversidades, podemos retornar ao nosso interior.
No último terço da obra, Evolução, temos o resultado dessa transformação e/ou deste retorno a si mesma, em que nos aprofundamos no autoconhecimento, assumimos nossas origens e identidade, com plena consciência de quem somos, aceitando-nos por inteiro. Nessa parte, a escritora assume seu eu lírico, Guardiã da Primavera, e demonstra sua nostalgia do cheiro de terra molhada, do ar puro do campo e nos sentimentos de tranquilidade, quietude e paz que invocam. Nessa parte final, fica evidente a relação íntima que existe entre a natureza e a poetisa, mesclando-se e tornando-se uma.
Nessa resenha, optei por apresentar um panorama geral de cada terço do livro, como um convite ao jardim de flores ternas, belas, fortes, exóticas e únicas. Permita-se desfrutar do encanto deste presente da Guardião da Primavera.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Resenha do livro "Filhos do Éden: Anjos da Morte", de Eduardo Sphor


O segundo livro da trilogia “Filhos do Éden”, Anjos da Morte, de Eduardo Spohr, resgata a história de Denyel (e não Daniel!), o anjo exilado que faz sua primeira aparição no primeiro livro da trilogia, “Herdeiros de Atlântida” e tem papel fundamental na trama. Além de resgatar a história de Denyel como anjo da morte, como são designados os exilados que supervisionaram as ações nas guerras humanas, o livro dá continuidade ao primeiro, no prosseguimento da saga de Kaira e Urakin, além do novo integrante da missão, Ismael.
Dessa forma podemos dividir o livro em duas partes: uma trama que conta a degradação de Denyel, nos tempos de guerra (1944-1989) e a busca e a missão de resgate de Denyel capitaneada por Kaira, passada no tempo presente. Apesar dessa parte do trio de Kaira se passar após os eventos do primeiro livro, creio que pode ser lido sem conhecimento do primeiro, já que a história segue um curso que não requer obrigatoriamente que se tenha lido o primeiro, apesar de isso ajudar bastante no entendimento da missão e as referências a alguns fatos que acontecem ali. Os livros podem ser lidos separadamente, em ordem distinta, sem maiores problemas, mas a leitura prévia do primeiro livro e também do outro livro do autor, “A Batalha do Apocalipse”, são altamente recomendáveis de modo a se entender as referências que ali constam, sendo esse o que possui menor número de referências, mas elas estão lá, como no boato de que o Arcanjo Gabriel poderia ter se aventurado alguma vez no mundo dos homens e amado uma mulher.
Dos três livros desse universo angélico escritos pelo Eduardo Spohr, esse é o livro mais humano deles. Como diz o autor em sua dedicatória para o pai, a guerra é capaz de despertar o melhor e o pior em um ser humano e ao longo da história de Denyel notamos vários atos humanos dignos de serem ovacionados, bem como notamos a crueldade das guerras. Percebemos como Denyel vai se tornando cada vez mais humano, o que não é necessariamente uma coisa boa, pois ele agrega sentimentos nobres, mas também os vícios de nossa raça. Além disso, é o livro que aprofunda mais a questão da humanidade, tema que começou a ser desenvolvido no primeiro livro da trilogia, com Kaira e nesse ganha novos contornos e personagens, como o inesquecível Tom Craig. Apesar de ainda possuir criaturas místicas, magias (com a exploração do ocultismo nazista), o foco é o lado psicológico de Denyel e suas reflexões e ações nas guerras, a deturpação dos seus valores de casta e a sua humanização.
Spohr demonstra seu trabalho intenso de pesquisas com mapas, descrição de armas, localidades, estratégias de guerra, história, referências bíblicas e tudo mais nesse trabalho que deve ter sido o que exigiu mais de sua carreira de escritor. Os nomes dos capítulos e das partes dos livros também nos remetem a outras obras literárias, como o capítulo “No Coração das Trevas”, no qual a cena ali descrita nos remete à obra de Joseph Conrad, “O Coração das Trevas” e a filmes como “Por um Punhado de Dólares”, homenageado com um capítulo de mesmo nome, mostrando parte de todas as referências que inspiram o autor em sua carreira.

Filhos do Éden: Anjos da Morte mostra um escritor mais maduro, uma obra em que o lado sombrio do ser humano, refletido nos personagens humanos e também em Denyel, e o mais nobre se relacionam de modo dialético. O fato de o livro estar dividido em dois seguimentos tão distintos poderia ser um problema, mas acaba que a saga de Kaira sendo um alívio momentâneo para a intensidade da saga de Denyel e seus conflitos psicológicos. Um excelente livro mais uma vez, a meu ver, superior ao primeiro da saga e altamente recomendável.

domingo, 14 de agosto de 2011

Tempo de Sonhar

Há dias em que o tempo passa devagar
Minutos parecem horas
Horas parecem dias
Dias parecem anos

Há dias em que o tempo voa
Dias que você está por perto
Dias que você transforma

Sua energia que toca
Sua energia que encanta
Sua energia que transforma

Transforma o dia em noite
Céu nublado em noite
Noite de lua cheia
Com estrelas brilhantes
Com chuva
Chuva de estrelas cadentes

Será que elas podem atender meu pedido?
Um pedido
Um único desejo
Desejo de estar com você

Por um momento parece possível
Estar com você me faz acreditar
Por todos os momentos juntos
É inesquecível

Gostaria de ao seu lado
Observar o pôr-do-sol
Contemplar a lua
Contar estrelas

Ouvir doces canções
Canções que tocassem somente para nós
Em nossas mentes
Em uma sintonia de pensamentos
Numa afinidade única

Ser o calor que te aquecesse no inverno
Ou a chuva de verão
Que faz florescer belas flores
Flores no jardim da sua vida

Idealizar o futuro
Viver o presente
Aprender com o passado

Rir da nossa infância
Das rebeldias da adolescência
Dos momentos em que brigamos
E ver que superamos tudo
E que crescemos nos momentos mais difíceis

Olhar para trás
Ver que tudo sempre foi difícil
Ver que sempre existiram dificuldades
Que as maiores conquistas foram nossas
Que nunca pensamos em desistir

Talvez eu imagine demais
Talvez eu sonhe demais
Mas existe um motivo que me faz acreditar
Acreditar que é possível

O mundo não nos deixa sonhar
Ele não quer acreditemos em nada
Que possamos achar a felicidade

Felicidade em tarefas simples
Simples como andar de mãos dadas
Namorar na praça
Dar risadas juntos

Há inúmeras razões que me fazem acreditar
Mas há uma que me faz sonhar
Me faz voar mesmo sem ter asas
Levitar com alegres pensamentos
Sem medo da queda
Ao seu encontro

Voe comigo
Para um lugar bem distante
Para todo sempre
Deixe o vento mostrar a direção
Sentir a sensação de sonhar
De poder alcançar o infinito

Velarei seu sono querida
Não deixarei que desperte desse sonho
Do meu sonho.



domingo, 3 de julho de 2011

Palavras Imortalizadas de um Mortal

Às vezes gostaríamos de ser mais
Ser mais do que podemos ser
Mais do que somos

Gostaria de ser o mais hábil escultor
Para esculpir cada detalhe do seu corpo
Ter sua imagem próxima a mim
Poder tocar você sem medo

Gostaria de ser o mais talentoso dos pintores
Para pintar cada expressão da sua face
Poder retratar a beleza do seu sorriso
Transparecer o seu olhar misterioso

Gostaria de ser o mais nobre dos poetas
Encontrar o vocabulário certo
As palavras mais doces e carinhosas
Fazer os mais belos versos já vistos
Recheados de rimas ricas
Como a riqueza de sua alma

Gostaria de ser o mais imaginário dos compositores
Criar mundos de fantasia em minhas canções
Canções que nunca saíssem da mente
Canções que tocassem nossos corações
E acariciasse nossos ouvidos

Você seria o tema delas
Canções que representassem você
Em suas diversas fases
Em todos os seus humores
Nos seus inúmeros sentimentos

Mas não sou nenhum desses seres
Michelangelo
Da Vinci
Alvarez de Azevedo
Daniel Gildenlöw

Apenas eterno admirador dos mesmos
Apenas um mortal
Que um dia gostaria de ser eterno
Eterno para você
Guardado para sempre com você

Em sua mente
Como um agradável pensamento
Em seu coração
Como uma doce lembrança

No interior do seu ser
Como parte de um dia
De um inesquecível dia

Sou apenas alguém
Alguém do qual você se esqueça
Do qual você algum dia goste

Que em certos momentos
Dá asas aos seus desejos
Fantasia
Em frente à tecnologia

Talvez um dia
Meus beijos não sejam tão saborosos
Meu abraço não seja tão confortante
Minhas palavras não sejam tão calorosas
Não para você

Imortalizo você
Através desses versos
Que podem não ser belos
Podem ser deixados de lado

Mas possuem uma alma
Alma criada por mim
Que faz parte do meu ser
Fruto dos nossos encontros
Nossa criação

Que sempre existirá
Não poderá ser levada pelo vento
Que pode até levar você,
Minha flor amada

Mas ela sempre será nossa
Para sempre nossa
Como um gostoso segredo
Nossa travessura
De uma aventura proibida

É o que eu lhe ofereço
Meu carinho, meus sonhos,
Minha paixão, meus desejos
Meu amor em forma de versos
Meu ser em palavras.



domingo, 12 de junho de 2011

Espera Eterna

Quando a tempestade levar suas esperanças
O vento soprar seus desejos
O fogo queimar sua alegria
Estarei esperando por você

Quando todas as pessoas se forem
Seu quarto ficar vazio
Ninguém atender a seus telefonemas
Ninguém escutar sua voz
Estarei esperando por você

Quando os medos do passado assombrarem-te
O presente não ser mais um presente
E seu futuro tão distante
Estarei esperando por você

Quando os dias virarem noites
O verão virar inverno
A luz virar escuridão
Estarei esperando por você

Quando tudo parecer perdido
Nada mais fazer sentido
E você não vê nenhum caminho
Estarei esperando por você

Quando não houver mais carinho
O mundo parecer sem abrigo
Estarei de braços abertos
Esperando por você

Em algum lugar, numa esquina
Num cinema, em sonhos
Em utopia, Em outro mundo
Estarei esperando por você

Mesmo sabendo que você me faz sofrer
Que não significo nada para você
Que desejara não me conhecer
Preciso muito de você
Estarei esperando você sempre,
Sempre que nunca virá...


domingo, 29 de maio de 2011

Sensações

Você já sentiu saudades?
Saudades de uma pessoa
Saudades que te fazer sorrir
Sorrir pelos momentos de alegria
Alegria que viveram juntos

Saudades que te fazem chorar
Chorar pelos momentos que se foram
Pela pessoa que se foi
Que você deixou que fosse embora
Sem dizer tudo o que queria

Você já sonhou?
Sonhar em viverem juntos
Todos os dias
Sem que isso se torne uma rotina
Que iriam fazer mil coisas diferentes

Conhecer as Sete Maravilhas do mundo
Ver que a maior delas está dentro de você
A maravilha de viver sem medo de perder

Você já sentiu frio?
Ver que seu quarto não é aquecedor
Que seu mundo é tomado por neve
Geleiras de neves eternas
Iceberg de tristezas

Sentir que um abraço é caloroso
Um beijo é apaixonante
A presença de uma pessoa é instigante
Te toca como se conhecesse você
Como ninguém a conhece

Você já foi determinada?
Ver que todo o caminho é difícil
Que o mundo é um abismo
Pronto para nos fazer cair

Ver que nada é como você queria
Que mesmo com todas as adversidades
Você nunca pensou em desistir
Que sua força pode ser maior que tudo
Que um dia você vai ter a recompensa
O mais valioso dos prêmios

Você já chorou?
Sentiu seu coração invadido
Por um oceano de lágrimas
Transbordando em tristeza
Conhecendo a solidão

Você já feriu alguém?
Machucou alguém que te queria
Apenas pelo medo de se machucar
Medo que muitas vezes não é real

Já sentiu medo de se envolver
Com o receio de sofrer
De não querer acreditar
De que sonhos sejam mentiras

Você já amou?
Amor incondicional
Sem raça, idade, religião
Amar alguém mais que a si próprio

Ver um dia tudo se acabar
Seu mundo desmoronar
E mesmo assim não desistir
De que nada é em vão

A vida é feita de sensações
Às vezes um show de ilusões
Sentimentos bons
Experiências frustrantes

Momentos em que nada faz sentido
Acontecimentos que nos fazer sofrer
Vivemos para fazer acontecer

Acontecer o amor
Fazer amizades
Lembrar que os bons momentos
Nos recompensam

Que todo o mal se vai
Que podemos ser felizes
Que podemos fazer mais
Ser mais para alguém
Especial

Como você é para mim...


sábado, 21 de maio de 2011

Queda Solitária

Pensei que a dor havia cessado
Que tudo passaria
Como um terremoto que deixa suas marcas
Estou em queda ainda

Uma queda que parece não ter fim
Os gritos da minha alma não ecoam
A dor diminui mas o sangue não deixa de fluir
Fluindo pelo ar
Vejo-me banhado de um mar vermelho

Não acredito em amor
Nunca compensa a dor que você sente
Não devíamos acreditar nele
Gostaria de esquecer seu rosto
Você nunca me disse adeus

Morrendo por você e não te esquecendo
Não consigo mais
Gostaria de poder fingir que você não é real

Talvez realmente não seja
Seja apenas um fruto de minha mente doentia
Uma ilusão que me encanta

Ainda sinto o gosto do seu beijo
O calor do seu abraço
Ouço sua voz ecoar na minha mente
Parece tão distante

Mundos diferentes agora
Talvez sempre tenham sido
Gostaria de render-me
Seria tão mais fácil

Nunca saber a hora de desistir
É prolongar o sofrimento
É provocar a dor

Há guerras que não podemos vencer
E mesmo assim desistir não faz sentido
Por que continuo a lutar?

Esperança
Amor
O que me faz lutar?

Talvez instinto de sobrevivência
Ou nem a morte quer minha companhia
Ironia do destino

Abandonado até pela morte
Estou tornando-me sádico
Um sádico solitário

Beber do meu próprio sangue
Alimentar-me de minha dor
Ver o fogo que emana de dentro
Queimar minha vida

Vagarei em busca de respostas
Respostas que posso nunca encontrar
Talvez seja a minha maldição

Vagar em busca de nada
Lutar por ninguém
Sem importar com as conseqüências
Sem aprender com a dor

Cada cordeiro com sua benção
Cada lobo com sua maldição

Você me abandonou
Deixando-me sozinho
Minhas lágrimas não irão secar
Minhas feridas não vão cicatrizar
E a solidão não quer me deixar...